Mudanças na gestão Nunes para eleição têm soluções caseiras e podem abrigar bolsonarismo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) vai realizar sete trocas no secretariado até sábado (6), prazo para que titulares das pastas que queiram concorrer na eleição de outubro deste ano se desvinculem dos cargos. Cinco dos sete auxiliares que estão de saída vão disputar o pleito.

Na maior parte dos casos, Nunes vai optar por soluções caseiras para substituir os secretários, promovendo secretários adjuntos ou outras pessoas que já integram as pastas. Dessa forma, as secretarias que são comandadas por algum partido aliado devem continuar sob o mesmo domínio.

Há espaço, porém, para que o prefeito resolva contemplar seu principal aliado na eleição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ala do PL que é ligada a Valdemar Costa Neto já integra a estrutura da prefeitura, mas os bolsonaristas, que cobram de Nunes espaço e lealdade, ainda não.

De acordo com auxiliares do prefeito, o nome do coronel da PM Ricardo Mello Araújo, que Bolsonaro indicou a Nunes para ser vice na chapa, é cotado para a Secretaria de Segurança Urbana, ainda que ele não tenha sido formalmente sondado ou convidado.

Já a possibilidade de Mello Araújo ser efetivamente o vice está cada vez mais distante, dizem os envolvidos nas articulações —muitos aliados de Nunes preferem que seja uma mulher e que não seja alguém ligado à segurança pública, tema que muitas vezes é negativo perante o eleitorado.

Há o entendimento de que, pelo peso e tamanho da sigla, o PL e Bolsonaro, assim como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), têm preferência na indicação de um nome, mas outros partidos também pleiteiam a vice.

Entre os cotados estão o secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo (licenciado do PDT), a delegada Raquel Gallinati (PL), a vereadora Rute Costa (PL) e a secretária estadual das Mulheres, Sonaira Fernandes (PL), que vai deixar a gestão Tarcísio para tentar a reeleição como vereadora.

Sonaira estava filiada ao Republicanos, mas trocou de partido a pedido de Bolsonaro para estar apta a ocupar a vice de Nunes pelo PL eventualmente. Rute Costa também trocou o PSDB pelo PL na janela partidária.

Além de Sonaira, o governo Tarcísio pode ter outra baixa no secretariado para a eleição municipal, o secretário de Desenvolvimento Social, Gilberto Nascimento Jr.

No nível municipal, a titular da pasta municipal da Segurança, Elza Paulina de Souza, vai concorrer ao cargo de vereadora pelo MDB. Em seu lugar, porém, em vez de Mello Araújo, também pode assumir seu secretário-adjunto Junior Fagotti.

A escolha por pessoas que já estejam nas secretarias, segundo aliados de Nunes, tem a ver com a continuidade da gestão, dado que os novos secretários só têm garantidos nove meses no posto e não haveria tempo para mudanças de programas e prioridades.

Além de Elza, também vão concorrer à Câmara Municipal a secretária de Cultura, Aline Torres, pelo MDB; o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Júnior, que é do PSDB, mas deve migrar para o PSD; e o presidente da SP Urbanismo, Cesar de Azevedo, pela União Brasil.

Nos três casos, devem assumir pessoas que já integram as secretarias. Na SP Urbanismo, o presidente será um dos atuais diretores, Pedro Martin Fernandes. Já a substituta no Desenvolvimento Social será a chefe de gabinete de Bezerra, Marcelina Conceição Santos, que também é tucana.

Cissa, como é conhecida, foi anunciada para o posto de surpresa pelo prefeito no último dia 8, quando Nunes cumpria agendas relacionadas ao Dia da Mulher.

Presidente da Fundação Paulistana de Educação, Tecnologia e Cultura, o ex-deputado Alexandre Pereira da Silva vai deixar o posto para concorrer à Prefeitura de Jundiaí pelo Solidariedade, partido presidido pelo seu pai, Paulinho da Força. Vai assumir seu chefe de gabinete, Pedro Nepomuceno.

Outros dois secretários vão ser substituídos aproveitando a leva de trocas para a eleição. Marcos Gadelho (Urbanismo e Licenciamento), que sai por razões pessoais, dará lugar a Elisabete França, que já foi secretária e diretora da CET.

No início do ano, o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos) chegou a ser convidado por Nunes para a vaga de Gadelho, num gesto ao governador Tarcísio de Freitas e a Bolsonaro, mas Abduch não topou.

Já Aline Cardoso (Desenvolvimento Econômico e Trabalho) não tem um substituto definido —a sua pasta é ligada ao PSDB.

Formalmente, o PSDB decidiu não apoiar a reeleição de Nunes, mas boa parte dos filiados do partido vai fazer campanha para o prefeito mesmo assim, por considerar que ele representa a continuidade da gestão Bruno Covas (PSDB) e porque a máquina municipal abriga uma série de tucanos.

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