Além do policial militar Leandro Machado, lotado no 15º BPM (Duque de Caxias), que se entregou na terça-feira aos policiais, o trio que é alvo das investigações iniciais sobre o assassinato do advogado Rodrigo Crespo Marinho tem ainda dois nomeados na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Desde 2019 na Casa, Cezar Daniel Mondego de Souza pediu exoneração na semana passada, três dias após o crime. Em seu lugar foi nomeado Eduardo Sobreira Moraes. Ambos também foram presos ontem suspeitos, de acordo com a polícia, de terem participado do monitoramento da vítima. A nomeação deles aconteceu no Departamento de Patrimônio — responsável por “propor a contratação de serviços de manutenção, conservação e recuperação de bens” e “registrar e controlar os bens patrimoniais da ALERJ”, por exemplo.
A nomeação de Sobreira foi anulada antes que ele tivesse tomado posse, mas apenas depois que seu nome apareceu na investigação. O salário no cargo destinado aos dois suspeitos girava em torno de R$ 2 mil. Antes de ir para o Patrimônio, no entanto, Cezar Daniel chegou a receber R$ 6,19 mil líquidos mensais de comissão e gratificação até novembro de 2023, quando exercia o cargo de Assessor Parlamentar V.
Desde 2008, ele já mostrava proximidade com o poder ocupando cargos no governo do estado. Em 2012, segundo ano do segundo mandato de Sérgio Cabral Filho, ele foi nomeado para a secretaria de Governo. Entre nomeações exonerações, passou ainda pela secretaria de Saúde, em 2017, até chegar à Assembleia Legislativa.
Até a noite de ontem o nome dos responsáveis pela indicação de Cezar Daniel e Eduardo Sobreira para os cargos no Legislativo permanecia um mistério. Por meio de nota, a Alerj informou apenas que “Cezar Daniel estava nomeado desde 2019, na gestão anterior da Casa”, que tinha André Ceciliano (PT) como presidente. A nota diz ainda que o nomeado “deixou o cargo em março deste ano para que o Eduardo entrasse em seu lugar, mas a nomeação não chegou a ser concluída, já que a portaria foi tornada sem efeito” e que o cargo em questão segue vago.
O mandato do deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), presidente da Assembleia, que assina a nomeação da semana passada bem como a mudança de cargo de Cezar, no fim de 2023, informou que “assinar nomeação e/ou exoneração é um ato administrativo privativo de presidente e 1º secretário de quaisquer Legislativo no país”. A nota repete o argumento de que “Cezar Souza já estava nomeado na Alerj desde maio de 2019”. O que a nota não esclarece é o motivo de ele permanecer no cargo na gestão atual, nem porque o outro suspeito, Eduardo Sobreira, chegou a ser nomeado na semana passada e a pedido de quem.
De acordo com a polícia, Cezar e Eduardo fizeram monitoramento da vítima ao menos três dias antes da execução e também no dia do crime. Para seguir a vítima no percurso feito da casa onde morava, na Lagoa, Zona Sul do Rio, até o escritório, no Centro, a dupla usou um Gol branco, mesmas características do outro veículo usado pelos executores.
Já o policia militar Leandro Machado foi, segundo aponta a investigação, o responsável por coordenar toda a logística do crime, como encontrar os dois carros usados para monitoramento e para a execução. O PM já foi investigado e preso por homicídio, em 2020, e por integrar grupo paramilitar com atuação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele também é apontado como segurança de Vinícius Drumond, filho do contraventor Luizinho Drumond, já falecido.
Leandro se entregou na DHC por volta das 10h30. Ele chegou à delegacia de carro vestindo uma camiseta azul e carregando uma mochila. O PM chegou acompanhado de seu advogado, que negou qualquer participação dele no crime. Segundo a corporação, Leandro está afastado do serviço nas ruas por responder a inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021
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Dinâmica do crime
De acordo com as investigações da DHC, pelo menos dois carros, ambos do modelo Gol de cor branca, participaram da emboscada contra o advogado. Um dos veículos foi apreendido no município de Maricá, na Região dos Lagos, no último sábado.
Ainda conforme a Polícia Civil, no dia do crime, Rodrigo saiu de casa, na Rua Fonte da Saudade, na Lagoa, Zona Sul do Rio, de manhã, e foi para o Centro da cidade num carro de aplicativo. Ele, afirma a investigação, era seguido pelo Gol dirigido por Eduardo. O advogado chegou a seu destino às 11h11, segundo a polícia.
O Gol branco permaneceu parado na Avenida Marechal Câmara até 14h27, horário em que foi substituído pelo outro carro, onde estava o assassino. O segundo veículo ficou no local até o momento do crime, por volta das 17h15. Graças à rota de fuga usada pelos criminosos, a polícia começou a reunir pistas do crime.
Quem era o advogado
Formado pela PUC-RJ em 2005, fez especialização em sua área de atuação na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Numa rede social, ele escreveu que costumava falar sobre a regulamentação do mercado brasileiro de jogos lotéricos e registro de apostas. No site do Tribunal de Justiça, ele aparece contratado em processos diversos, principalmente nas áreas de direito imobiliário e do consumidor.
A polícia tenta esclarecer se a morte de Rodrigo pode ter relação com o trabalho da advocacia. Rodrigo era sócio fundador, desde 2010, do escritório Marinho & Lima Advogados, cuja sede fica perto do local do crime. As áreas de atuação do escritório incluem, conforme consta em sua página na internet, Direito do Entretenimento e Jogos, tais como loterias estaduais, produtos de capitalização na modalidade filantropia e consultoria para implantação de operações relacionadas aos jogos que possuem amparo legal.
Advogado é executado no Centro do Rio :
Um advogado foi assassinado próximo à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio, na tarde desta segunda-feira.
A vítima foi identificada como Rodrigo Marinho Crespo. Ele é sócio do escritório Marinho e Lima Advogados.
A vítima estava na calçada quando foi atingida. O crime aconteceu por volta das 17h, a cerca de 50 metros da sede da OAB.
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