A Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) não informou quem indicou para nomeação os nomes de Cezar Daniel Mondego de Souza e Eduardo Sobreira Moraes, ambos presos suspeitos de terem participação no assassinato do advogado Rodrigo Crespo Marinho, ocorrido à luz do dia, no centro do Rio, no dia 26 de fevereiro. Cezar Daniel , que estava nomeado na Casa desde 2019, foi exonerado a pedido na quinta-feira da semana passada, apenas três dias após o crime. Na sua vaga, no Departamento de Patrimônio, foi nomeado, no mesmo dia, Eduardo Sobreira. Após a revelação, pela polícia, de que ele era suspeito de participação na execução, a nomeação foi anulada antes que ele tivesse tomado posse.
O salário no cargo destinado aos dois suspeitos girava em torno de R$ 2 mil, mas antes de ir para o Patrimônio, Cezar Daniel chegou a receber R$ 6,19 mil líquidos de comissão e gratificação até novembro de 2023 quando estava nomeado como Assessor Parlamentar V. Cezar Daniel , que foi preso nesta terça, já vinha ocupando cargos no governo do Estado desde, pelo menos, desde o segundo ano do segundo mandato de Sérgio Cabral Filho, em 2012, com passagens pelas secretarias de Governo e de Saúde.
Perguntada sobre a indicação dos dois suspeitos para cargos na Casa, a Alerj respondeu por meio de nota, que “Cézar Daniel estava nomeado desde 2019, na gestão anterior da Casa” e que “deixou o cargo em março deste ano para que o Eduardo entrasse em seu lugar, mas a nomeação não chegou a ser concluída, já que a portaria foi tornada sem efeito”. O texto segue informando que “ter tornado o ato de nomeação do Eduardo sem efeito não interfere na situação do Cézar, que segue exonerado” tendo permanecido vago o cargo.
O mandato do deputado estadual Rodrigo Bacellar, que assina a nomeação da semana passada bem como a mudança de cargo de Cezar, no fim do ano passado, informou que “assinar nomeação e/ou exoneração é um ato administrativo privativo de presidente e 1º secretário de quaisquer Legislativo no país”. A nota segue reforçando a informação de que “Cezar Souza já estava nomeado na Alerj desde maio de 2019, gestão anterior à Bacellar” e informa que “na atual gestão, houve uma mudança no cargo com redução salarial e transferência imediata para o mesmo setor (patrimônio)”.
Nesta terça-feira dois suspeitos de participação no crime — o cabo da PM Leandro Machado da Silva, de 39 anos, e Eduardo Sobreira — se entregaram à Polícia Civil. Já Cezar Daniel foi preso por policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
Segundo a polícia, Leandro foi o responsável por coordenar toda a logística do crime, como encontrar os dois carros usados para monitoramento e para a execução. O PM já foi investigado e preso pela prática de homicídio, e por integrar grupo paramilitar com atuação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocorrido em 2020.
Charles Augusto Ponciano foi executado com 17 tiros durante um churrasco que fazia em casa em 4 de dezembro daquele ano no bairro Jardim Anhangá, em Duque de Caxias. A munição usada no crime teria sido desviada da Polícia Militar.
Nos depoimentos à polícia, Leandro foi apontado como um dos seguranças de Vinícius Pereira Drumond, vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense e filho do falecido contraventor do jogo do bicho Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond.
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No caso do advogado, Leandro é acusado de ter sido encarregado por toda a logística do crime. Já Eduardo Sobreira Moraes, de 47 anos, que continua foragido, estava à frente da vigilância e do monitoramento da vítima nos dias que antecederam a execução, também segundo as investigações.
Em nota, a defesa de Drumond afirma que “nunca, jamais, em tempo algum manteve vínculo, seja profissional ou pessoal”. O advogado Carlos Lube disse ainda que “não consegue vislumbrar qualquer possível relação (de seu cliente) com o advogado Rodrigo” e que “rechaça veementemente qualquer suposição de possível ligação com o brutal assassinato da vítima”. Por fim, acrescenta que “a defesa técnica ainda não tomou conhecimento da íntegra dos autos, mas Vinicius Drumond está à disposição para colaborar com a investigação”.
Dinâmica do crime
De acordo com as investigações da DHC, pelo menos dois carros, ambos do modelo Gol de cor branca, participaram da emboscada contra o advogado. Um dos veículos foi apreendido no município de Maricá, na Região dos Lagos, no último sábado.
Ainda conforme a Polícia Civil, no dia do crime, Rodrigo saiu de casa, na Rua Fonte da Saudade, na Lagoa, Zona Sul do Rio, de manhã, e foi para o Centro da cidade num carro de aplicativo. Ele, afirma a investigação, era seguido pelo Gol dirigido por Eduardo. O advogado chegou a seu destino às 11h11, segundo a polícia.
O Gol branco permaneceu parado na Avenida Marechal Câmara até 14h27, horário em que foi substituído pelo outro carro, onde estava o assassino. O segundo veículo ficou no local até o momento do crime, por volta das 17h15. Graças à rota de fuga usada pelos criminosos, a polícia começou a reunir pistas do crime.
Quem era o advogado
Formado pela PUC-RJ em 2005, fez especialização em sua área de atuação na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Numa rede social, ele escreveu que costumava falar sobre a regulamentação do mercado brasileiro de jogos lotéricos e registro de apostas. No site do Tribunal de Justiça, ele aparece contratado em processos diversos, principalmente nas áreas de direito imobiliário e do consumidor.
A polícia tenta esclarecer se a morte de Rodrigo pode ter relação com o trabalho da advocacia. Rodrigo era sócio fundador, desde 2010, do escritório Marinho & Lima Advogados, cuja sede fica perto do local do crime. As áreas de atuação do escritório incluem, conforme consta em sua página na internet, Direito do Entretenimento e Jogos, tais como loterias estaduais, produtos de capitalização na modalidade filantropia e consultoria para implantação de operações relacionadas aos jogos que possuem amparo legal.
Advogado é executado no Centro do Rio :
Um advogado foi assassinado próximo à sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio, na tarde desta segunda-feira.
A vítima foi identificada como Rodrigo Marinho Crespo. Ele é sócio do escritório Marinho e Lima Advogados.
A vítima estava na calçada quando foi atingida. O crime aconteceu por volta das 17h, a cerca de 50 metros da sede da OAB.
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