Galeão: como o aeroporto do Rio foi do esvaziamento ao recorde de passageiros internacionais em 2024

A RIOgaleão, concessionária que administra o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, projeta um recorde histórico de movimentação internacional neste ano. A estimativa é de somar cerca de 4,7 milhões de passageiros estrangeiros, alta de 30% em relação a 2023. A informação foi antecipada pelo colunista do GLOBO Ancelmo Gois.

A previsão de crescimento deste ano supera em 4% o movimento registrado em 2018, quando o Galeão alcançou a marca histórica de 4,5 milhões de passageiros internacionais em pousos e decolagens. Em 2024, a estimativa é que o aeroporto atinja o mais alto patamar nesse indicador desde sua inauguração em 1977.

Para especialistas, crescimento reflexo da operação coordenada do Galeão e do Santos Dumont, o aeroporto do Centro do Rio, que teve seu movimento de passageiros anual limitado a 6,5 milhões a partir deste ano.

— A restrição começa a equilibrar o tráfego aéreo entre os aeroportos, incentivando uma maior utilização do Galeão. Atualmente, o aeroporto internacional do Rio é o quarto em movimentação geral, atrás de Guarulhos, Congonhas e Brasília — diz o especialista em aviação Leandro Pereira.

As companhias aéreas estrangeiras também ampliaram o número de voos no Galeão. A Air France, por exemplo, elevou de sete para dez o número de frequências semanais entre Rio e Paris, entre este mês e março de 2025. É a primeira vez que a empresa alcança esse patamar desde 2020, quando a pandemia forçou a redução das operações.

A TAP tem, neste verão, 14 voos semanais do Rio para Portugal, sendo 12 para Lisboa e dois para o Porto. Segundo Carlos Antunes, diretor para as Américas da companhia, a TAP manteve o mesmo número de voos durante o verão europeu, no meio deste ano, o que é comemorado:

— Estamos mantendo a mesma quantidade de voos. Não reduzimos. A importância do Rio para a TAP é indiscutível. Foi o primeiro ponto nas Américas para onde a TAP voou — frisa o executivo. — Temos confiança absoluta na vitalidade do mercado do Rio de Janeiro, não somente no que se diz respeito a atender à população local, mas também na quantidade extremamente importante de turistas que trazemos. É a cidade que as pessoas confundem com o Brasil.

Novos voos

A American Airlines iniciou voos diários nas rotas Rio-Dallas e Rio-Nova York até março. Além disso, a empresa ampliou de sete para 14 por semana as frequências Rio-Miami neste fim de ano.

— O Rio atrai visitantes. As pessoas desejam vir para o Rio de Janeiro. Bastou uma vontade política do presidente Lula de atender um pleito antigo do Rio que outros governos não atendiam. A gente só não pode retroceder. Tem de avançar agora, pensar na concessão do Santos Dumont de forma também coordenada, para que a gente possa manter esse tipo de coisa. O Galeão voltou e vai voltar ainda mais ao protagonismo que teve no espaço aéreo brasileiro — afirma o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

O governador Cláudio Castro destaca a importância do Galeão para a economia do Rio e do país:

— O recorde de movimentação internacional no Galeão mostra como estávamos no caminho certo. O Rio de Janeiro é uma porta de entrada para o turismo estrangeiro e estamos certos de que a movimentação aumentará ainda mais.

Nicola Miccione, secretário de Estado da Casa Civil, afirmou que a limitação do Santos Dumont gerou retomada do crescimento do Galeão, “uma grande vitória para o Estado”. E que mais novidades são esperadas para os próximos anos.

Acordo com o governo

Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), as companhias nacionais, como Azul, Gol e Latam, estão ampliando em 50,5% a oferta de assentos para destinos da América do Sul entre dezembro e fevereiro. Serão ofertados 161,4 mil assentos em voos do Galeão para Montevidéu (Uruguai), Santiago (Chile) e Lima (Peru), além de Buenos Aires, Córdoba e Rosário, na Argentina.

No último dia 16, o Ministério de Portos e Aeroportos, a concessionária do RIOgaleão e sua controladora Changi, de Cingapura, fecharam acordo para manter a atual empresa na administração do terminal. O entendimento alivia a outorga paga pela empresa ao governo, além de viabilizar a saída da Infraero da concessão, e saiu sob supervisão do Tribunal de Contas da União (TCU).

As áreas jurídicas do governo, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o plenário do TCU, porém, ainda precisam validar o acordo. O processo corre em sigilo e os detalhes não foram divulgados.

A Changi é a principal acionista da RIOgaleão, com 51%, mas a Infraero detém os 49% restantes. A estatal entrou como acionista minoritária nos primeiros leilões de aeroportos, modelo que depois foi abandonado pelo governo. O processo vai detectar se há outros investidores interessados no ativo.

O principal ponto de discussão do contrato é o valor da outorga que a operadora precisa desembolsar anualmente para a União, de R$ 1,4 bilhão, em números corrigidos. O aeroporto foi leiloado na segunda etapa de licitação do setor aeroportuário, em 2013, com ágio de 294%, por R$ 19 bilhões. A ideia é transformar a outorga fixa em variável, conforme a previsão de receitas da concessão. Ou seja, se a arrecadação subir, o valor pago será maior.

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